Mesmo que você se considere uma pessoa extremamente racional, saiba que muitas das suas decisões são influenciadas por fatores psicológicos. E, na hora de escolher qual o melhor investimento, ou qual o melhor movimento diante de uma determinada situação, você pode, muitas vezes, acabar indo por caminhos não tão racionais assim.
A aversão à perda é um desses fatores psicológicos que pode influenciar sua tomada de decisão de investimento.
Quer entender como isso funciona? Continue a leitura e descubra mais sobre esse tema!
Afinal, o que é a aversão à perda?
A aversão à perda é um viés comportamental que faz com que vivenciamos a dor da perda de uma maneira mais intensa do que a satisfação de um ganho. Esse sentimento é tão potente que nos induz, frequentemente, a correr mais riscos para evitar ou reparar possíveis prejuízos.
Funciona assim:
Suponhamos que você esteja diante de duas situações de investimento:
Situação 1:
Investimento A: você tem 50% de chance de ganhar R$ 1.000,00. Porém, tem 50% de chance de não ganhar nada.
Investimento B: você tem 100% de chance de ganhar R$ 500,00 com certeza.
Situação 2:
Investimento A: você tem 50% de chance de perder R$ 1.000,00. Porém, tem 50% de chance de não perder nada.
Investimento B: você tem 100% de chance de perder R$ 500,00 com certeza.
Qual desses investimentos você escolheria?
Daniel Kahneman e Amos Tversky, dois pesquisadores de economia comportamental, descobriram, depois de anos de experimentos, que, diante de situações como esta, a maioria das pessoas tendem a responder a opção B na situação 1 e a opção A na situação 2.
Isso acontece porque, mesmo que o valor esperado de ambas as situações seja o mesmo, as pessoas tendem a optar pela segurança quando os resultados são positivos, ou seja, tenham ganhos. Mas, quando os resultados são negativos (perdas), as pessoas tendem a optar pelo risco.
Isso acontece justamente porque a dor da perda é sentida de uma maneira muito mais intensa do que a satisfação do ganho. Interessante, não?
Quais os impactos da aversão à perda na hora de investir?
Quando o assunto é investimento, a aversão à perda pode aparecer de diversas maneiras.
Para além de fazer com que os investidores tomem mais riscos do que poderiam, com o objetivo de evitar possíveis prejuízos, a aversão à perda também pode fazer com que os investidores estejam expostos a algumas armadilhas mentais, como, por exemplo: o medo de desperdiçar uma possível boa oportunidade.
Por exemplo: há chances de você decidir fazer uma aplicação porque ela é apresentada como um excelente investimento — e você não quer perder essa chance. No entanto, uma decisão não analisada adequadamente pode aumentar os riscos de perder dinheiro ou mesmo ser vítima de uma fraude financeira.
Também pode fazer com que o investidor, por medo da dor de realizar prejuízo (perder), insista em continuar com um investimento em carteira que não tem nenhuma expectativa de rendimento positivo no futuro.
Você pode ter comprado alguma ação na bolsa de valores, por exemplo, e este ativo ter apresentado diversas quedas consecutivas devido a escândalos envolvendo a empresa em questão. E, mesmo sem nenhuma perspectiva de melhoras futuras, você permanece com esse ativo em carteira porque seu preço atual está muito longe do preço que você pagou na compra. Ou seja, o medo de realizar um prejuízo, ou melhor, ter uma perda, faz com que você mantenha esse ativo.
A aversão à perda também pode fazer com que o investidor, observando um determinado ganho, antecipe o resgate de um investimento por medo de ter um prejuízo no futuro, mesmo que esse investimento, inicialmente, tenha sido pensado para um objetivo de médio ou longo prazo.
Isso pode acontecer quando você investe em um fundo ou mesmo em uma ação na bolsa de valores com o objetivo de resgatar somente depois de 2 anos, por exemplo. Porém, passam-se poucos meses e aquele investimento apresentou um ganho maior do que você esperava. Com medo daquele investimento apresentar perdas futuras, você pode esquecer qual o objetivo da aplicação e resgatar antecipadamente.
Como driblar a aversão à perda?
Quando se fala de vieses psicológicos, a missão de evitá-los não é algo tão corriqueiro assim. Por isso, aqui vão algumas dicas:
- avaliar se suas decisões são coerentes com seus objetivos;
- desenvolver seu conhecimento financeiro e estar sempre em busca de uma melhor educação financeira pode facilitar sua análise e, consequentemente, sua decisão;
- elaborar uma estratégia de investimento e se ater a ela para evitar a excessiva influência das condições do mercado;
- reavaliar a composição do portfólio periodicamente para saber quais investimentos manter e quais devem ser encerrados;
- refletir antes de tomar uma decisão sobre investimentos, de modo a saber se ela é racional ou se é gerada por um aspecto emocional.
Pronto! Agora você sabe o que é a aversão à perda e como ela pode influenciar suas escolhas na hora de investir. Com os cuidados certos, é possível evitar a influência desse fator e se proteger de decisões emocionais ao compor a sua carteira de investimentos.